Nos últimos dias, o real desponta como a terceira moeda que mais perdeu valor frente ao dólar, um reflexo direto da política tarifária agressiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa informação é baseada em um extenso ranking de 118 nações, elaborado pela agência classificadora de risco Austin Rating, utilizando dados do Banco Central do Brasil. Desde o anúncio do 'tarifaço', na última quarta-feira, a moeda brasileira acumulou uma queda de 5,10% até esta terça-feira, 8 de abril, quando o dólar encostou nos R$ 6 nas negociações diárias. O cenário global não é mais promissor, com pelo menos 58 países experimentando depreciação monetária neste período. O caso mais grave foi o da Líbia, que viu o dinar cair 13,2%. Logo após, a moeda colombiana seguiu com uma desvalorização de 5,8%, superando ligeiramente o real. Em contraste, algumas poucas moedas conseguiram se valorizar frente ao dólar no mesmo período, destacando-se o iene japonês, que subiu 2%, e o franco suíço, com um ganho de 3%. Na esteira deste panorama cambial, o dólar comercial fechou a R$ 5,9973, enquanto que nas taxas de câmbio de referência Ptax, divulgadas diariamente pelo BC, a moeda americana foi cotada a R$ 5,9362. A alta vertiginosa do dólar é uma resposta direta à guerra comercial intensificada por Trump. Os mercados estão apreensivos com a possibilidade de inflação e recessão globais resultantes do aumento das tarifas norte-americanas sobre mais de 180 nações e regiões. Como consequência, há um movimento massivo dos investidores em direção a ativos mais seguros, como as Treasuries, e o próprio dólar, reforçando ainda mais a sua posição global. As bolsas de valores também não ficaram imunes: tanto nos EUA, como na Ásia e na Europa, os índices despencaram. No Brasil, por exemplo, o Ibovespa experimentou quatro quedas consecutivas até a data mencionada. A tensão escalou nos últimos dias com a China retaliando tarifas impostas pelos EUA com uma taxa de 34% sobre produtos norte-americanos, igualando a retaliação inicial de Trump. A situação piorou quando o presidente norte-americano ameaçou com uma taxa adicional de 50% sobre produtos chineses caso a China não retirasse suas tarifas, aumentando ainda mais as dúvidas sobre a estabilidade do mercado. Mesmo após o ultimato de Trump, os chineses não cederam, afirmando que estavam prontos para uma retaliação tarifária contínua, consolidando um quadro de incerteza ainda mais profundo nos mercados globais.
