Fracasso de Público em Manifestações Contra e a Favor da Anistia Exposta como Desinteresse Nacional

Fracasso de Público em Manifestações Contra e a Favor da Anistia Exposta como Desinteresse Nacional

No último domingo, o palco das manifestações políticas se estendeu pela vibrante Avenida Paulista em São Paulo. Desta feita, a esquerda, liderada por figuras notórias como os deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), buscou atrair atenção para a causa contra a anistia dos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Contudo, o que se esperava ser um evento multitudinário resultou em um fiasco de participações, com um público de apenas 6,5 mil pessoas. Esse número contrasta fortemente com as expectativas criadas pelos organizadores e é substancialmente menor que as 18 mil pessoas que se reuniram em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro em Copacabana.

Um Panorama de Participação Diminuta

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) trouxeram a público dados comparativos que revelam a baixa adesão às duas manifestações – a favor e contra a anistia. Juntas, elas não rivalizam com eventos populares de menor impacto político. Quando somamos ambas, chegamos a 24 mil manifestantes, número que decepcionantemente fica aquém da média de torcedores que lotam estádios de futebol. Comparativamente, essa soma perde para a média de público dos jogos do Flamengo e do Corinthians, e ainda se coloca abaixo dos torcedores do Fortaleza em eventos esportivos.

Soou assim, inequívoca, a constatação de que a anistia não é um tema que ecoa nas ruas ou provoca grande mobilização entre o público geral. Líderes do Congresso, como o presidente da Câmara, Hugo Mota (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já haviam externado sua opinião sobre a apatia em relação ao tema, opinião esta que acabou ratificada diante das pequenas audiências das manifestações.

Repercussões e Polarização Política

O resultado das manifestações trouxe à tona não apenas o desdém público pelo tema da anistia, mas também uma nova onda de críticas entre políticos. Do lado dos governistas, aliados estavam apreensivos, considerando as implicações de um ato bem-sucedido contra a anistia para a carreira de figuras como Guilherme Boulos, que poderia se tornar um potencial nomeado para o cargo de ministro-chefe da Secretaria-geral da Presidência da República. Sob a gestão de Márcio Costa Macedo, a organização de eventos de massa viu reveses, com o exemplo mais notável sendo o fraco comparecimento no Dia do Trabalhador. Em 2024, um evento que deveria celebrar essa data também não conseguiu capturar a atenção do público, uma falha que repercutiu diretamente no humor do presidente Lula.

Por outro lado, figuras relacionadas ao ex-presidente Bolsonaro celebraram a baixa adesão ao evento de esquerda. O alívio por não estar sozinho em episódios de fraco comparecimento público foi expresso por pessoas como o deputado Sóstenes Cavalcanti, que, desde cedo, compartilhava imagens de drones mostrando vastas áreas vazias na manifestação. Enquanto o presidente do PP, Ciro Nogueira, sumariamente lapidava o comentário "vazio total" nas redes sociais.

Contexto Global e Movimentos Sociopolíticos

A tendência de mobilização política é um reflexo de maior amplitude. Desde 2013, observou-se no Brasil uma crescente capacidade de engajamento das facções políticas de direita e extrema-direita em comparação com seus colegas de esquerda. Esse fenômeno não se restringe ao Brasil; na Europa, movimentos conservadores vêm conquistando território em universidades e entre a juventude, alimentados principalmente com um discurso antissistema que ressoa entre jovens preocupados com as mudanças nos mercados de trabalho e a insegurança econômica.

Esta corrente global de direita tem capitalizado sobre o crescente desencanto dos jovens diante de transformações econômicas e sociais rápidas. Edições recentes de jornais influentes, como a manchete do El País, destacam essa maré crescente de apoio aos partidos conservadores, preenchendo um vácuo deixado pelo descontentamento generalizado.

O Futuro da Mobilização Política

O caminho à frente para partidos que buscam influenciar através de manifestações não é claro. Dados os exemplos recentes de mobilizações fracassadas, fica evidenciado que estratégias que envolvem convocações públicas devem ser reavaliadas. Mais do que números, é importante refletir sobre como questões concretas e preocupações reais podem servir como catalisadores mais eficazes para o envolvimento público.

Conclusão: Queda na Mobilização e o Desafio da Conectividade Pública

Essas manifestações ressaltam uma clara desconexão entre temas discutidos no ambiente político e o interesse dos cidadãos comuns. À medida que as dinâmicas políticas continuam a se evolver, a habilidade de atrair o público para fora de suas casas requer entendimento das reais prioridades e preocupações sociais. Frente a esse quadro, a esquerda e a direita ainda devem encontrar maneiras inovadoras de ressoar mais fortemente nas ruas.

Compartilhe sua opinião nos comentários! Confira mais conteúdos no nosso site!

Tags:

manifestação, anistia, bolsonaro, política, mobilização social, Avenida Paulista, Lindbergh Farias, Guilherme Boulos, público, direita, esquerda, Brasil, comparecimento, evento político, jovens, extrema-direita, mercado de trabalho, eleições

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest

0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x