Itaú Demite Mil Funcionários Após Controversa Avaliação de Produtividade no Home Office

O anúncio recente do Itaú sobre a demissão de cerca de mil funcionários em regime de trabalho híbrido ou remoto gerou polêmica e reavivou o debate sobre a produtividade em home office. Segundo o Sindicato dos Bancários, a decisão foi baseada em uma avaliação criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e ao registro de jornada, onde foi observada uma incompatibilidade entre as atividades e o ponto dos trabalhadores. Essa situação levanta questões importantes sobre a eficácia dos métodos utilizados para monitorar a produtividade dos colaboradores à distância. No centro desta discussão, está a utilização de softwares de monitoramento nas máquinas corporativas, que de acordo com a legislação trabalhista, pode ser feita, desde que seja conduzida com transparência e respeito à privacidade do trabalhador. A advogada Luana Couto Bizerra destaca que o uso desses programas deve ser proporcional e não invasivo, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A prática de manter a câmera do computador ligua em tempo integral é um exemplo de medida não permitida. Existem certos limites que o empreendimento precisa observar, como os mencionados pela advogada, garantindo que o controle de jornada e produtividade aconteça por meios adequados. O Itaú, por sua vez, rebateu as críticas afirmando que os desligamentos foram fundamentados em análises técnicas de inatividade nas máquinas corporativas, com relatos de períodos de suposta ociosidade significativos. Contudo, líderes sindicais e especialistas do setor argumentam que este método simplista não leva em consideração a complexidade das atividades desempenhadas remotamente. Muitas tarefas, como análises de documentos e atendimentos telefônicos, não são monitoradas adequadamente por essas ferramentas, resultando em avaliações distorcidas. Ex-colaboradores relataram ao g1 que, sem o fornecimento de celulares corporativos para todos, a medição do trabalho fora do computador era inadequada. Esse tipo de monitoramento, aliado à falta de diálogo prévio e advertências sobre desempenho, foi criticado pelo sindicato, que considera o critério de avaliação questionável. Leyla Nascimento, presidente da ABRH Brasil, alerta que a demissão deveria seguir uma análise de desempenho criteriosa, com feedbacks contínuos, algo que segundo os demitidos não foi cumprido. A prática gerou surpresa entre funcionários que, até onde sabiam, tinham desempenho considerado positivo. O momento atual reacende debates antigos sobre as boas práticas para o home office. A pandemia de Covid-19 trouxe o trabalho remoto para o centro do modelo empresarial, mas ainda não há consenso global sobre sua implementação ideal. Problemas de produtividade e integração têm motivado o retorno ao presencial em muitas empresas, mas para aqueles que perseveram no remoto, fica clara a necessidade de acordos transparentes e monitoramento justo. Os desafios emocionais e técnicos do home office são indiscutíveis, reforçando a necessidade de acompanhamento profissional contínuo. Maurício Corrêa da Veiga, advogado trabalhista, sugere que as boas práticas no home office incluem não apenas regras claras e monitoramento proporcional, mas também respeito à privacidade e ao direito à desconexão dos funcionários. Para os trabalhadores, o cumprimento das metas e a comunicação sobre problemas técnicos são pontos cruciais para garantir um ambiente de trabalho remoto saudável e produtivo. A discussão sobre a produtividade no home office, catalisada por esta decisão do Itaú, é um lembrete da necessidade de equilíbrio entre controle e confiança no ambiente de trabalho moderno. A demissão dos funcionários do Itaú após defenderem o home office nas redes sociais ilustra um cenário em que se busca redefinir as relações de trabalho com maior clareza e direitos assegurados. Compartilhe sua opinião nos comentários e confira mais conteúdos sobre o futuro do trabalho no nosso site!