Marina Silva Condena Flexibilização Ambiental em Evento Internacional no Acre

Em uma semana marcada pela presença de 43 estados e províncias de 11 diferentes países, a 15ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e as Florestas (GCF) chegou ao seu último dia em Rio Branco, Acre. Entre discursos impactantes e discussões acaloradas, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, criticou severamente a flexibilização das políticas ambientais, um tema que ressoou por todo o evento. Durante seu discurso, Marina destacou as consequências desta flexibilização, citando tragédias ambientais como a enchente histórica no Rio Grande do Sul em maio de 2024. Segundo ela, a aprovação de leis que permitem a construção em áreas ambientalmente sensíveis, como margens de rios e encostas, traz prejuízos irreparáveis à sociedade, principalmente aos mais vulneráveis. Ela alertou para o aumento potencial de incêndios florestais como parte dessa lógica de relaxamento. Além das tragédias ambientais, Marina pontuou que essas práticas comprometem a saúde pública, aumentando hospitalizações devido a estiagens e incêndios. Durante a GCF, a ministra também abordou a resistência do governo federal contra o 'desmonte' da legislação ambiental provocado por relatórios legislativos mal debatidos. Ela sublinhou a necessidade de prolongar os prazos de discussão na Câmara dos Deputados para garantir o envolvimento da sociedade civil e da comunidade científica. Em sua análise, uma eventual aprovação do projeto que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental (LGLA) pode provocar uma 'guerra de rebaixamento' de normas ambientais, na busca por atrair mais investimentos. Marina Silva argumenta que, em última instância, um relaxamento das restrições ambientais não apenas prejudicaria os mais vulneráveis, como a própria economia nacional. Isso poderia impactar negativamente negociações internacionais, como o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, limitando a abertura de novos mercados para a agricultura brasileira. A reunião do GCF não apenas forneceu uma plataforma para alertar sobre esses riscos, mas também foi palco para o lançamento de várias iniciativas. Marina detalhou um leque de programas de sustentabilidade, destacando financiamentos do Fundo Amazônia que já estão promovendo segurança alimentar e apoio às comunidades extrativistas e quilombolas. Ela também mencionou esforços passados, como o fortalecimento dos corpos de bombeiros para enfrentar incêndios florestais, que já receberam 45 milhões de reais em investimentos. Na sexta-feira, o evento também foi palco de discussões sobre mecanismos de crédito de carbono, um esforço para viabilizar financeiramente o desenvolvimento sustentável nos estados da Amazônia. O GCF, ao reunir governadores e diversos representantes internacionais, parece empenhado em não apenas dialogar, mas também concretizar ações práticas para o enfrentamento das mudanças climáticas. Contudo, o evento não ocorreu sem tensões. A presença do governador Gladson Cameli no palco gerou protestos vigorosos de manifestantes que criticaram as políticas ambientais conduzidas pelo estado. O incidente sublinhou as divisões que ainda existem em torno das questões ambientais, mesmo entre audiências comprometidas com um objetivo comum. A Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas (GCF) continua sendo uma aliança global essencial. Em uma década e meia de existência, a rede tem trabalhado ativamente para proteger florestas tropicais e buscar soluções de desenvolvimento sustentável. A reunião anual, desta vez ocorrendo no Acre, reforça o compromisso global com a ação climática coordenada, destacando, mais uma vez, a importância de dialogar e agir rapidamente. Com os holofotes voltados para os desdobramentos, tanto desastres ambientais imminentes quanto as soluções inovadoras propostas durante o evento reiteram a urgência de ações climatológicas eficazes.