Sem Xi e com Putin online: o futuro dos BRICS

A cúpula do BRICS, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se destaca como um dos mais importantes espaços de diálogo entre países em desenvolvimento e emergentes. O encontro deste ano, no Brasil, traz uma particularidade significativa: a ausência do presidente chinês Xi Jinping, que não comparecerá pessoalmente ao evento. Em contrapartida, o líder russo Vladimir Putin participará à distância devido a questões legais internas. Essa dinâmica gera inquietações sobre a posição da China dentro do bloco e o papel do Brasil na condução das relações entre esses países.

BRICS: Uma breve introdução

O BRICS foi fundado como uma alternativa para promover a cooperação econômica e política entre nações emergentes que buscam maior relevância nas decisões globais. Desde sua criação, os membros têm buscado fortalecer laços comerciais, promover investimentos e discutir questões comuns como segurança e desenvolvimento sustentável. O grupo representa uma proporção significativa da população mundial e é responsável por uma parte considerável do PIB global, tornando-se um ator importante no cenário internacional.

No contexto brasileiro, a participação ativa no BRICS tem sido um pilar da política externa do país, especialmente desde a sua inclusão no grupo em 2010. O Brasil vê o BRICS como uma plataforma para diversificar suas parcerias estratégicas além das tradicionais alianças com potências ocidentais. A presença no bloco também oferece oportunidades para impulsionar o comércio exterior brasileiro, atraindo investimentos e promovendo exportações agrícolas e industriais para os demais países membros.

A ausência de Xi Jinping e a presença de Putin

A decisão de Xi Jinping de não comparecer fisicamente à cúpula levanta algumas questões sobre a atual relação entre China e os demais membros do BRICS. A presença virtual do líder russo pode ser vista como um indicativo da necessidade de Rússia em fortalecer suas alianças diante das sanções econômicas impostas por países ocidentais após o início da guerra na Ucrânia. Essa situação evidencia a fragilidade das relações que cada membro mantém dentro do bloco e a importância de cada país para o equilíbrio político do grupo.

Com Xi ausente, há uma expectativa sobre quem assumirá a liderança em discussões cruciais relacionadas à economia global e aos desafios atuais enfrentados pelos membros. Embora o Brasil tenha se posicionado como um mediador nas relações entre os países em desenvolvimento, essa ausência pode tornar mais difícil chegar a consensos em temas como sustentabilidade ambiental e cooperação comercial. A notável diferença nas presenças dos líderes sugere uma potencial mudança nas dinâmicas dentro do bloco.

Implicações para o Brasil

A ausência de figuras centrais como Xi Jinping pode abrir espaço para que o Brasil aumente sua influência nas negociações durante a cúpula. Sob a liderança atual, o governo brasileiro tem buscado reforçar sua atuação internacional através de iniciativas voltadas para fortalecer o multilateralismo e combater as desigualdades globais. Essa agenda é particularmente relevante num momento em que as economias emergentes enfrentam desafios econômicos exacerbados pela pandemia de Covid-19.

Além disso, com a crescente polarização geopolítica entre o Ocidente e outras potências, é essencial que o Brasil utilize sua posição única no BRICS para promover diálogos que favoreçam a paz e estabilidade regional. Assim sendo, ao se posicionar como um interlocutor ativo na cúpula BRICS mesmo sem algumas lideranças clássicas presentes fisicamente, Brasília poderá captar novas oportunidades econômicas e políticas para fortalecer sua autonomia diplomática.

O futuro do BRICS diante dessas mudanças

No cenário atual de incertezas políticas e econômicas globais, as mudanças nas dinâmicas internas dos BRICS podem refletir diretamente nos objetivos futuros do grupo. As dificuldades enfrentadas por potências como os Estados Unidos também oferecem oportunidades aos países emergentes reunidos no bloco para redefinirem suas estratégias coletivas no comércio internacional e na política. É fundamental que os líderes saibam aproveitar essa conjuntura favorável para consolidar ainda mais as iniciativas conjuntas.

A ausência de certos líderes também pode sinalizar desafios na coesão do grupo, pois decisões importantes podem não ter consenso total sem o envolvimento direto das principais autoridades dos países membros. No entanto, isso não deve ser visto apenas como um obstáculo; pode ser uma chance para reavivar debates sobre inovação em governança global ou desenvolver novas formas de colaboração que incluam novos atores internacionais.

Em suma, enquanto o BRICS navega por essas mudanças significativas na cúpula deste ano, ficará evidente se as potências emergentes estão preparadas para assumir um papel mais proativo frente às exigências contemporâneas ou se permanecerão subjugadas pela lógica tradicional imposta pelas potências ocidentais.

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