Batalha de Palavras entre Ministros: Alexandre de Moraes Responde a Críticas de Mendonça

Em um evento do Lide que transcorreu com intensidade e fervor, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, saiu em defesa do Judiciário após receber críticas contundentes de seu então colega, André Mendonça. O cenário estava aquecido, uma vez que Mendonça criticara, de forma veemente, a postura de alguns magistrados, solicitando maior autocontenção em suas ações, como meio de evitar alguns dos percalços enfrentados pelo país.
As palavras de Mendonça parecem ter ressoado de forma especial entre as elites presentes e lideranças que apoiam o pensamento bolsonarista. Para muitos, as mensagens de Mendonça refletem uma visão mais conservadora acerca do papel do Judiciário no contexto atual do Brasil. Mas o que brilhou foi a réplica firme e imediata de Moraes, que rechaçou a ideia de que a autocontenção seja o caminho ideal para uma democracia.
A resposta de Moraes ecoou como um grito em prol da liberdade com responsabilidade, um conceito muitas vezes mal interpretado em regimes menos democráticos. “A história nos ensina que impunidade, omissão e covardia podem parecer soluções rápidas, mas são caminhos ilusórios”, afirmou Moraes com assertividade. Ele destacou que o verdadeiro Estado de Direito está alicerçado na aplicação rigorosa da Constituição e das leis, ao contrário do que ocorre em autocracias, onde a liberdade é vivida sem limites, deixando de lado a responsabilidade.
Os comentários de Moraes não ficaram apenas na crítica às autocracias. Ele convocou a plateia a reflexionar sobre quem se beneficia com a ideia de que setores como o judiciário e a imprensa precisam de autocontenção. Em sua opinião, esse tipo de retórica é um subterfúgio usado por aqueles que desejam minar a liberdade, usando o falso pretexto da ordem para encobrir práticas autoritárias.
A obra 'Como as Democracias Morrem', de Levitsky e Ziblatt, foi chamada ao debate como uma evidência literária dos riscos que certas práticas autoritárias apresentam para as democracias. Lá, é explicado como autocratas eleitos mudam a configuração das instituições, em especial das cortes, para favorecer suas agendas. Moraes advertiu que tais práticas, se não contidas, colocam em risco a democracia já que desvirtuam o papel fundamental das instituições como vigilantes da legalidade e da justiça.
Relembrando momentos históricos, o bolsonarismo já havia apontado críticas ao STF ainda antes de assumir o governo. Em uma manifestação infame, Eduardo Bolsonaro especulou, de forma descuidada, sobre a possibilidade de dissolver o Supremo com facilidade, deixando subentendido o ambiente hostil com que tratavam o poder judiciário.
Nos momentos de incerteza política, é crucial discutir o papel que queremos para nossas instituições, algo que Mendonça também mencionou ao afirmar que o respeito deve ser o guia para que um juiz sejam admirado e suas decisões tragam paz, não caos. Moraes enfatizou que a tentativa de neutralizar conflitos através de um Judiciário submisso não é compatível com a independência requerida para servir à sociedade com isenção. Citou que juízes que não manejam a pressão deveriam mudar de carreira.
No discurso de Moraes, estava presente um alerta: a autonomia do Judiciário é indispensável para a preservação democrática, e qualquer tentativa de restrição deve ser contestada. Trazendo à tona versos de Cecília Meireles como um lembrete poético das forças imprevisíveis que moldam nossas vidas e destinos históricos, Moraes acentuou a importância de lutar contra as tendências totalitárias com firmeza e consciência.
Enquanto o debate governamental continua a fervilhar, cabe a sociedade atentar-se para os valores que desejamos proteger e promover. Dessa forma, mais do que nunca, precisamos ter consciência que, em uma democracia, são os juízes que verificam os abusos e é o estado de direito que nos resguarda contra impulsos autoritários.
Na conjuntura atual, onde a tensão entre os poderes e as diferentes ideologias políticas nunca foi tão acentuada, o debate aberto e a contestação construtiva são chaves para sustentar uma sociedade verdadeiramente democrática. Estamos em um caminho de reflexões intensas sobre a nossa democracia e como assegurar que ela permaneça robusta para futuros desafios.
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