Desafios Persistem na Amazônia Apesar de Avanços do Brasil no Combate à Fome, Afirma José Graziano
José Graziano da Silva, ex-diretor-geral da FAO e responsável pela criação do programa Fome Zero, destacou em um encontro em Roma que o Brasil está avançando na luta contra a fome, mas que os desafios continuam, especialmente na região amazônica. Durante uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Embaixada do Brasil na capital italiana, Graziano ressaltou a concentração do problema da fome na Amazônia. O presidente brasileiro está em Roma para participar do Fórum Mundial da Alimentação 2025, evento que celebra os 80 anos da FAO e reforça o protagonismo do Brasil na luta contra a pobreza global.
Graziano explicou que os índices atuais da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar e da FAO indicam uma pequena melhora em comparação aos números de 2023. Esse avanço é atribuído principalmente à recuperação das políticas sociais e à valorização do salário mínimo, que aumentam o poder de compra dos mais necessitados. No entanto, ele sublinhou que o foco principal agora deve ser a fome localizada, afetando indígenas, quilombolas e ribeirinhos. O "núcleo histórico" da fome no Brasil, como o Sertão e a Zona da Mata nordestina, vem apresentando melhorias contínuas graças a programas como o Bolsa Família.
Graziano enfatizou que a Amazônia é atualmente o epicentro da fome no país, uma situação exacerbada por atividades como o garimpo ilegal e o uso de mercúrio, que destroem o meio ambiente e, consequentemente, os meios de subsistência das comunidades locais. Ele repetiu uma máxima que defendia durante seu tempo na FAO: "Para salvar vidas, salve o meio ambiente primeiro", reforçando a importância da conservação da floresta para garantir a segurança alimentar.
A COP30, marcada para ocorrer em Belém, no Pará, também foi tema de discussão. Graziano externou suas esperanças e preocupações em relação a este evento de importância internacional. Ele afirmou que o sucesso da conferência dependerá do compromisso e das ações concretas dos países participantes para mitigar problemas como o desmatamento e sua ligação com a exploração de petróleo. Embora a exploração possa ser feita de forma segura com avanços tecnológicos, ele frisou a necessidade de reduzir a dependência mundial de combustíveis fósseis.
Graziano elogiou a capacidade técnica da Petrobras para realizar extração de petróleo de maneira ambientalmente responsável, mas ressaltou que o maior desafio é a transição para fontes de energia mais sustentáveis, incentivando um movimento global conjunto para diminuir a dependência de petróleo. O desafio, para ele, vai além da tecnologia; é necessário encontrar um equilíbrio entre desenvolver economicamente sem comprometer o meio ambiente.
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